António Ferro: um Modernista Polémico no Meio Teatral Português
Resumo
Em dezembro de 1932, as entrevistas de António Ferro ao Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, foram publicadas no Diário de Notícias. Foram o primeiro manual de propaganda do novo regime, o Estado Novo. Nove meses depois, em setembro de 1933, Ferro era nomeado diretor do Secretariado de Propaganda Nacional, um cargo de enorme confiança política e pessoal, num órgão eminentemente político, e que o definiu como o relações-públicas do regime. Na sua juventude, Ferro tinha-se revelado um intelectual modernista: escritor, jornalista, homem do cinema e do teatro. Neste artigo, analisa-se o percurso de Ferro no meio teatral português, no período entre 1922 e 1932, procurando examinar o papel que a cultura e, em particular o teatro, assumiu na sua ascensão pública e política. Propõe-se como hipótese de trabalho a ideia de que o teatro foi um instrumento utilizado por Ferro para a criação de uma determinada imagem pública que lhe permitiu atingir o cargo político que desejava. Em termos metodológicos, recorreu-se sobretudo à análise documental do Diário de Lisboa, uma prolífica fonte de informação, bem como aos escritos de personalidades ligadas ao meio, fontes que permitiram desenhar de forma mais nítida o panorama do teatro nacional e o percurso seguido por Ferro, enquanto dramaturgo, crítico teatral e empresário.
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Direitos de Autor (c) 2025 Carla Patrícia Silva Ribeiro

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Artigo aceite em 2025-02-27
Artigo publicado em 2025-02-27